terça-feira, 24 de agosto de 2010

Eita que tempo bom, a época de eleição!

Eita que tempo bom, a época de eleição! Autor: Adriano Santori

Eita, que tempo bom
A época de eleição.
Todo homem é do povo,
Não existe enganação
E quem um pobre não beije,
Ou cabra que não almeje
O bem geral da nação.

Até quem nunca riu,
Vive mostrando os dentes.
Falando alto e bonito
Dos planos mais atraentes.
E ganhando a eleição
Faz jura de coração
Não empregar seus parentes.

Trocar voto por dentadura?
Onde foi que já se viu.
Pode haver noutro canto
Não nesse meu Brasil.
Aqui só tem cabra honesto,
Nem venha fazer protesto
Da dor que nunca sentiu!

Esse tal de “Ficha Limpa”,
Ô coisa sem necessidade.
Onde foi que já se viu,
Político com falsidade?
Ache ruim quem quiser
Quase todo candidato é
Um defensor da verdade.

Não importa o salário
Ou verbas de gabinete...
Aluguel, compra de palitó,
Pinico, carro, tamborete...
Todos fazem por amor
Que tem ao seu eleitor
Para que ele se ajeite.

Às vezes me dá uma dó,
Ao ver um candidato,
Suado no meio do povo,
Clamando por um mandato,
Sujando o carro do ano,
E ainda levando cano
Do eleitor tão ingrato.

É por isso que o coitado
Fica desesperado,
Poe dinheiro na cueca,
Na meia, outro bocado.
E ainda vem a Justiça,
Com uma ruma de carniça,
Para prender o coitado.

Isso é coisa que se faça
Com um povo tão bom?
Que nem perturba a gente
Com esses carros de som...
Ah, se eu fosse o Criador
Esse pobre trabalhador
Só teria o que é bom!

Trabalharia meia hora,
E só um dia por mês.
Teria casa e transporte,
Apartamento e talvez
Vinte contas na Suíça,
Pra coisa ficar omissa
E não parar no xadrez.

Aí esse povo ingrato
Na rua, falando mal
Que o salário que ganha
É distante do ideal...
E não vê que o Senador
É sim o mais sofredor,
Na época eleitoral.

Tem que tirar do bolso
O agrado do eleitor,
Chapa, feira e cimento.
Pagar sem ser devedor.
Rogando que um devoto
Digite na urna o voto
Em prol do seu protetor.

Já o deputado amigo
Pensando em reeleição,
Sai gastando o sapato,
Apertando de mão em mão
Do eleitor mal-amado
Que quer seu voto trocado
Por emprego em repartição.

Um dia essa coisa muda,
E o candidato no jeito
Aprende a enganar o povo,
Diz no discurso perfeito,
Pretender sim, se eleger,
Mas só querendo fazer
Seu pé-de-meia bem feito.

. . .

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